Filosofia ou serve para a vida ou não serve para nada. Nós vamos passar um pensamento filosófico desse ponto de vista, do ponto de vista da vida. Eu dizia então que nós colhemos o que plantamos e nós morremos pela boca. Mas também nós podemos viver pela boca. Ou seja, o que há aqui é a idéia de uma necessidade de uma seleção, de uma capacidade seletiva nos encontros. Essa capacidade seletiva é, na verdade, a tônica da grande saúde: a saúde do corpo, a saúde da mente, a saúde das relações sociais, a saúde das relações com a natureza, a saúde das relações com o planeta, a saúde de todos os corpos vivos que se inter-relacionam.
Ler mais »Conferências em Moçambique | Ética e Política I
Nós não acreditamos que haja uma contradição essencial entre os desejos individuais e os desejos coletivos. E essa ideia de que há uma contradição entre os desejos sociais, ou o desejo social coletivo e os desejos individuais, é o pressuposto básico de todo pensamento ocidental. Inclusive é um pressuposto para a invenção do Estado moderno, a partir de Hobbes. Hobbes pressupõe que há um estado de natureza do homem que seria um estado de guerra de todos contra todos, em função simplesmente de que os interesses individuais entram em conflito com os interesses coletivos. Esse pressuposto nós acreditamos inteiramente mal fundado, uma vez que já parte de uma condição humana, de um estado humano, de separação das próprias capacidades afirmativas que condicionam a postura humana como aquela que visa realizar desejos individuais que entram em conflito com outros desejos individuais.
Ler mais »Conferências em Moçambique | Saúde Integral, Poder, Cultura e Aids
A saúde é de todo o corpo e é do pensamento nosso junto com o corpo. A alma e o corpo estão sempre unidos, ligados. Os ocidentais - e eu de alguma maneira tenho de me incluir nisso, porque nós somos filhos do Ocidente de alguma maneira - criaram uma maneira de viver muito enfraquecedora e muito doente, que separa a alma do corpo. E criou–se uma ideia de ciência, uma ideia de medicina que é, na verdade, uma maneira de controlar a vida, de controlar o corpo e de controlar a alma dos indivíduos. Só vou dar um exemplo básico para que vocês possam se situar um pouquinho em relação ao que quero dizer. No Ocidente, inventou-se, por exemplo, uma doença da alma que se chama vulgarmente de loucura. E a loucura, num certo momento, por exemplo, se disse, no século XIX, que era uma doença mental. A doença mental então foi inventada exatamente no século XIX. E com a interpretação que se tinha sobre uma perturbação do espírito, da alma, veio junto um saber de cura para essa mesma doença mental.
Ler mais »Conferências em Moçambique | Ética e Política II
Nossa filosofia toca algo fundamentalmente intimo a uma espécie de natureza humana. É também uma questão complexa falarmos da natureza humana, mas enfim seria um ponto talvez problemático a partir do qual nós pudéssemos desenvolver certos temas que têm gerado muitos descaminhos para a humanidade, para as sociedades, ao mesmo tempo em que se criam soluções muitas vezes artificiais e abstratas, como falou o meu amigo Luís, que talvez fizessem parte de um tipo de filosofia que nós não fundamos. Eu só acredito num tipo de abstração, que é a abstração da não existência que segue sendo real.
Ler mais »