O artigo procura apreender e esboçar as condições e circunstâncias imanentes à necessidade que leva uma sociedade a individualizar e subjetivar atos e comportamentos e a considerá-los passíveis de responsabilização pelas eventuais consequências nocivas que trariam. Para tanto, sinalizamos um traçado das linhas de força que colocam o problema não genericamente, partindo de valores abstratos sustentados como modelos universais de conduta, e sim desde tipos ou modos de vida dos homens que sentem, pensam e agem em função da continuidade de seus desejos e demandas em sociedade. Distinguimos inicialmente a ideia de responsabilidade desde a imagem que a preenche e da palavra que a simboliza, reencontrando o puro conceito. Remetemos o conceito ao problema ao qual responde concretamente. Problematizamos o próprio modo de colocar o problema, remetendo-o a um campo problemático de relações de forças. Apreendemos nesse campo de forças as modalidades imanentes de vida que nele se preenchem e se projetam nos valores sustentados como solução ou saída. Colocamos o problema, então, do tipo de vida que se investe e se colhe como retorno, o que engendra novos processos ou devires que dignificam ou empobrecem as forças constitutivas da vida e condicionam os meios de superar a humanidade reativa em nós.
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